segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não dá para se lixar com Castelo, e nem com babá

O deputado Sergio Moraes (PTB-RS), ainda participando da relatoria no Conselho de Ética do caso do parlamentar Edmar Moreira (sem partido-MG), disse estar “se lixando” para opinião pública. Sergio Moraes insiste que não há previsão para tirá-lo da relatoria.
Na gíria brasileira, de acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “se lixar” significa “não se incomodar”. Tenho a impressão de que, enfim, encontramos um deputado honesto! Não me lembro da última vez que um senhor, sendo representante público, recebendo um emprego dado pela opinião pública para defender os direitos de todos os homens e mulheres deste país, tenha proferido aquilo que seu coração, verdadeiramente, revela. Bem, ele é relator de Conselho de Ética, e tal fato retira um pouco da nossa tranqüilidade e confiança. Ainda de acordo com o Professor Aurélio, “ética” significa o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. Para um senhor que tem como obrigação zelar pelo bom juízo daqueles que não estão tendo juízo, torna-se desnecessariamente sem juízo não se incomodar com a opinião de seus mantenedores. Por certo, está mais do que na hora percebermos quem são os que, sem a menor ética, e não possuindo nenhum sentimento de incômodo, sorriem diante de nós na busca de um emprego parlamentar. Cuidado, tenha juízo (ética) e incomode-se (não se lixe) quando estes senhores pedirem emprego.

Edmar Moreira é aquele que ficou conhecido por ser dono de um castelo em Minas Gerais – em Carlos Alves, distrito de São João Nepomuceno-MG. O castelo do Edmar – nomeando assim dá até a impressão de que poderia ser um estabelecimento público, como: “boteco”, “lanchonete”, “motel de estrada”, etc – foi avaliado em 25 milhões de dólares, sendo que ele declara 15 mil reais no imposto de renda, seu filho declara 3 milhões – um pouco mais sincero que o pai, e o pior é que o tal “Castelo do Edmar” é isento de IPTU. Edmar é acusado de quebra de decoro por uso indevido da verba indenizatória, e Sergio Moraes disse que não há provas para condená-lo. Sergio Moraes disse, sem o menor juízo, e pouco se lixando, que pretende permanecer como relator.

Pensei que as coisas parassem por aí, até porque já é demais! Porém, vemos nos noticiários que o ex-diretor de recursos humanos do senado José Carlos Zoghbi, segundo a revista “Época”, teria usado como laranja sua ex-babá Maria Izabel Gomes, de 83 anos, para abrir empresas de fachada que receberam repasses do banco Cruzeiro do Sul, que nega irregularidades e atribui os pagamentos a serviços de consultoria. Bem, um senhor que tem como responsabilidade de administrar a área de recursos humanos do senado – que nos últimos dias virou “pau de galinheiro” – passa a não ter muita credibilidade em suas ações de regimentar pessoas, de acordo com seus salários, e que em nada temos acesso ou segurança de justa conduta. Uma senhora de 83 anos que foi ”recrutada” para ceder seu nome para efeito de altas negociações empresariais, vinculadas com um banco que, desde então, perdeu o juízo e se lixou com a procedência de tal recrutamento, já não mais pensava em ter que fiscalizar o menino Zoghbi, pelas suas travessuras e meninices. Diante de tal recrutamento, Zoghbi não tem capacidade moral nem ao menos para lidar com a função de uma babá.
É lamentável que o Congresso, Senado, Câmaras, e demais postos de trabalho público, estejam mais imundos que um banheiro público, onde muitas vezes não conseguimos nem entrar nestes. Estes postos de trabalho público têm mais nos envergonhado, devido suas imundícias, que nos representado de maneira digna e honesta.
Estão “se lixando”. Estão inocentando culpados, até para não serem pegos juntamente. Estão construindo castelos, ainda que de tremendo mal gosto. Estão assaltando bancos e, colocando como disfarce, roupas de antigas babás. Estão se desculpando e se defendendo, dizendo que nem todos são assim – contudo, o cordão dos escândalos, e a queda das máscaras de parlamentares bonzinhos, cada vez aumenta mais.