terça-feira, 15 de abril de 2008

O Poder da Imprensa

Não há dúvida que casos como o da menina Isabella Nardoni, covardemente assassinada no dia 29 de março deste ano, comove os corações paternos e maternos deste país, cria sentimentos e intenções dos mais primitivos – como dizia o antigo senador Roberto Jéferson – no sentido de que a justa justiça seja aplicada, ainda que para muitos, a justiça com as próprias mãos já estaria de bom tamanho. Mas quem sabe o ditado: “a justiça tarda, mas não falha” nos surpreenderá?!
Não há dúvida na importância do trabalho da imprensa brasileira neste caso, que querendo ou não, tal caso tem chocado o país. Durante toda a história pudemos testemunhar os imensos favores que nossa imprensa tem dedicado ao povo brasileiro, que fez e ainda faz das noticias, o delicioso motivo de conversas de botequim, cabeleireiros, bancas de jornal, padarias, pontos de táxi, e tantos outros pontos típicos de discussão.
O maior problema é quando nossa imprensa, ao invés de prestar um favor à população, a sufoca com tantas notícias redundantes que não informam, mas irritam, por sua insensibilidade, por sua obcecada insistência doentia, e desrespeito aos familiares inocentes, que não podem mais ligar o aparelho de TV, pois, por certo, verão a foto da menina Isabella. Os jornais, sobretudo televisivos, viraram álbum de família dos envolvidos e da vítima, bem como tratam do caso como se estivessem nos aposentos dos mesmos – o que não deixa de ser verdade, uma vez que já conhecemos, sem pedir, o apartamento do casal suspeito, e o quarto de onde tudo aconteceu. Se para informar, ao gosto de quem informa, significa invadir a privacidade, não há informação, há abuso de imagens e palavras.
O que pode nos ser importante é a conclusão dos fatos que em alguns poucos noticiários, isso nos seria informado de forma suficiente.
Sem dúvida que o maior problema é quando a mesma imprensa vai de encontro ao desejo em saturar a população, visando alcançar ibope e prestigio em seus jornais – afinal, não temos como negar que uma noticia vende, ainda mais noticia relacionada à desgraça alheia.
Muitos de nós não mais sabemos o que acontece em nosso país. Muitas coisas acontecem, mas já não são informadas. Afinal, qual é a noticia que mais vende?! Existem muitas crianças morrendo física, moral, e eticamente em nosso país a cada dia, devido ao descaso de autoridades que não são pais ou madrastas suspeitos, mas são pessoas pagas para governar – cuidar dos “filhos” que os adotaram. Existem vitimas de violência barata, que são impossíveis de se colocar em uma pesquisa, tamanho o numero de ocorrências. Onde há violência, há culpados. Quem são os suspeitos investigados por todas as incontáveis e não publicáveis ações violentas que não se tornam notícia?! Temos certeza que se houvesse uma mobilização de imprensa em favor de vitimas esquecidas, vivas ou mortas, muitos dos culpados que, sem a menor suspeita, mas com toda a certeza, poderiam coerentemente ser alvos de reportagens incansáveis e redundantes.
Não há esperança em uma informação que não temos como alterar, mas há desolação, tristeza e indignação. O que há, ainda com tempo de alterar? Há justiça em fazer, delatando os injustos e corruptores de toda sorte, preservando os inocentes, sem que eles necessitem, um dia, tornarem-se noticia.

francamente...
joerley@gmail.com