segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A TV digital e o Brasil analógico

Joerley Cruz

O progresso é uma dádiva, até porque é através do progresso que situações do cotidiano de uma sociedade são solucionadas de forma mais eficaz. Às vezes, o que nos deixa de antenas ligadas e cabelos em pé são os caminhos que nosso país percorre.
Não é tão confortante e nem se torna motivo de orgulho quando nossos aparelhos de TV recebem uma atenção especial, enquanto que, já por muitas filmagens, testemunhamos nossas deficiências. Todos nós precisamos de entretenimento e lazer, pois tais condições de vida são dádivas advindas de Deus. Porém, também vem de Deus recomendações que nos indicam uma busca por justas ações. Não nascem de Deus situações de desigualdades, mas, sim, condições em que o ser humano desfrute de tudo que para ele Deus permitiu obter – ou será que tornar-se dono dos direitos do outro é algo divino?!
É interessante e divertido desfrutarmos da tão esperada TV digital, mas é incoerente ainda, convivermos com uma saúde analógica, onde não há nenhuma analogia, mas uma abismal diferença de necessidade e urgência em alcançar-se o que é e sempre foi vital: a saúde.
É interessante e aparentemente compensador desfrutarmos da tão esperada TV digital, mas é imbecil, burra, e analfabeta a atitude passiva quanto a má educação no país, que de nossos aparelhos digitais podemos contemplar. Percebemos o descaso para com aquele que necessita aprender bem em todas as modalidades possíveis de um melhor conhecimento e crescimento conseqüente; aquele que precisa de melhor preparo para qualificar-se num nível universitário, nível esse que mais gera fortunas para as faculdades e universidades, ao invés de dar oportunidade ao ser humano para se tornar “digital”.
É interessante e divertido desfrutarmos da tão esperada TV digital, mas isso não encobre o sentimento fúnebre de muitos brasileiros que desprovidos de trabalho, não conseguirão pagar a antena parabólica e nem o aparelho que possibilita tal serviço. A TV é digital, mas as oportunidades empregatícias são analógicas.
Estamos muito aquém de uma consciência dos valores básicos da vida. E isso acontece porque não há senso de responsabilidade perante um povo, uma nação. Não há senso sobre aquilo que é imprescindível. As necessidades humanas são lembradas nos vergonhosos discursos dos candidatos desprovidos de vergonha, hombridade, e um mínimo de respeito ao próximo, já que amor ao próximo não lhes diz respeito ao seu caráter, não é algo inerente à personalidade.
Talvez, em meio ao pão e circo que nos é oferecido, deixemos, erroneamente, as questões vitais para serem pensadas depois. O que os nossos governantes realmente desejam é nos entreter – enquanto sua incapacidade de fazer o bem é jogada por baixo do tapete.

francamente....
joerley@gmail.com

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